Sendo a Doutrina Espírita uma filosofia de lógica e razão, cujos apontamentos sempre podem ser
observados dentro das bases do bom senso, todas as vezes que um Espírita
reclama da situação em que está inserido, torna claro que ainda não
está convencido daquilo que diz professar.
Cultuamos um Deus de Inteligência e Bondade
Absolutas, mas que constantemente se equivoca com as diretrizes de nossa
vida. Nos criou, mas não tem capacidade de cuidar de nós... e quando se
duvida do Criador, não existe mais certeza de nada!
O ciclo das reencarnações constantes, esconde de
nossa condição consciente, as atitudes empenhadas em nossa jornada a
caminho da evolução, no entanto, ela, a reencarnação é a única maneira
de ver a vida com explicações claras e que podem ser compreendidas por
todos que desejem compreender.
Mas ainda, não estamos (na prática) convencidos
dela, senão, não haveria do que reclamar, ainda vemos nas palestras,
livros e estudos, que prosseguimos a discutir se ela (a reencarnação)
existe ou não... prosseguimos Espíritas materialistas.
No famoso diálogo entre Jesus e Nicodemos, onde Jesus ensinava a ele a cerca da reencarnação, registrado no Evangelho de João 3:12, lemos uma consideração valiosa de Jesus: "Eu falei de coisas terrenas e vocês não creram; como crerão se falar de coisas celestiais?"
Observemos que Jesus chama a reencarnação de
"coisa terrena", ou seja, coisa que já deveria ser resolvida entre nós,
coisa simples, e que tornava impossível que ele falasse de "coisas
celestiais", superiores a nós e ao nosso mundo.
Quem afirma que crê na reencarnação e reclama da
vida, expõe uma contradição, afinal nossa vida é sempre resultado de
nossas próprias ações, e o artista não pode condenar a própria obra.
Com a ferramenta do pensamento, o homem vai
arbitrando sobre a própria sorte, talhando o próprio destino, assim, o
resultado é sempre justo.
Ainda encontramos no Evangelho, Paulo em 1 Coríntios 10:10, afirmando: "Devemos tomar cuidado para não incentivar a reclamação — foi ela que os destruiu", poderíamos afirmar que a lamentação estimulada, consome a vitalidade daquele que a possui.
Da mesma forma que aquele que desperdiça água,
virá a padecer de sede, aquele que desperdiça vida, entregando-a a
queixa, padecerá pela ausência da vitalidade.
Não há castigo maior para esses desatentos do
que ter o tempo consumido com o azedume da lamentação, afinal o maior
infortúnio de todos, é perder a confiança na vida e mesmo assim,
prosseguir vivendo.
Neste momento é que aprendemos que (fisicamente)
pouco importa estarmos mortos ou vivos, afinal quando falta vitalidade a
alma humana, ela sofre, onde quer que esteja.
Muitos se preocupam em ir para o inferno após a
morte e nem percebem que, pela queixa constante, já vivem nele,
cultivando a condição de constante rebelde, perdido no labirinto de si
mesmo.
Temos um outro livro que tem como título: Você é o humor que você tem,
e que possui a finalidade de estudar justamente a estranha situação,
onde vivemos do grande celeiro do Espiritismo, mas morremos de fome na
porta.
De que vale conhecer o Espiritismo, se isso não representar vitalidade renovada para vencer os embates da vida?
A maior contribuição do Espiritismo, está em nos
ensinar, de forma racional, que acima de tudo existe Deus, conduzindo a
grande nau da vida.
Claro que para fazer dessa compreensão algo
maior do que uma crença religiosa, passando a ser uma certeza absoluta, é
necessário uma busca séria e constante, observando a vida e se
dedicando a compreensão do Evangelho, afinal, em Jesus estão as respostas da vida.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Bem-aventurados os Pobres de Espírito – item 12: "Homens, por que vos queixais das calamidades
que vós mesmos amontoastes sobre as vossas cabeças? Desprezastes a
santa e divina moral do Cristo; não vos espanteis, pois, de que a taça
da iniquidade haja transbordado de todos os lados", fica evidente de que é a distância da "divina moral do Cristo" a fonte dos males que causamos para nós mesmos.
Crer que as calamidades da vida nos faça vítimas
é situação conveniente a abraçar, porém, com o desenvolvimento atual da
sociedade, já nos é possível entender que a vida obedece a trilhos de
Inteligência Superior a toda inteligência, e dessa forma, não há vítimas
– o que seria um erro!
Não se queixar diante de uma calamidade que nos furte a paz, é o primeiro passo para a reabilitação com a própria consciência.
Uma vez realizada a ação equivocada, toda queixa
se transforma em processo ácido, dilacerando o que já está
comprometido, minando as possibilidades de refazimento.
Da mesma forma que o mal ou o erro pode englobar variadas formas e aparências, a lamentação é ponto único – sempre piora.
Aprendemos com O Evangelho Segundo o Espiritismo, em Bem Aventurados os Aflitos, item 13: "A certeza de um próximo futuro mais ditoso o sustenta e anima e, longe de se queixar, agradece ao Céu as dores que o fazem avançar",
assim, diante do erro, devemos almejar pela chegada da restauração
moral, olhar para à frente, não perder tempo na lamentação que fará
perpetuar o momento de dor, mas renunciar a ela, passando, com
dignidade, o resultado de nossa imprevidência.
Depois de agradecer aos momentos de dores que,
se bem suportados, nos trarão a paz, começamos a experimentar da
harmonia do caminho reto, e quanto mais para o alto, mais repulsamos o
antigo comportamento ou maneira de pensar que nos impedem de ascender em
direção da felicidade.
Estudando O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo A Felicidade não é deste Mundo, item 20, encontramos uma expressão absolutamente atual: "Não
sou feliz! A felicidade não foi feita para mim! Exclama geralmente o
homem em todas as posições sociais. Isso, meus caros filhos, prova,
melhor do que todos os raciocínios possíveis, a verdade desta máxima do Eclesiastes:
"A felicidade não é deste mundo." Com efeito, nem a riqueza, nem o
poder, nem mesmo a florida juventude são condições essenciais à
felicidade. Digo mais: nem mesmo reunidas essas três condições tão
desejadas, porquanto incessantemente se ouvem, no seio das classes mais
privilegiadas, pessoas de todas as idades se queixarem amargamente da
situação em que se encontram", desta forma, devemos saber que a
felicidade absoluta não se encontra aqui, pois aqui não é o destino da
alma humana, e não se queixar, não significa que tudo vai bem.
Basta lembrar da finalidade desse mundo, e
entenderemos as inquietudes da vida. Se não nos faltasse nada, a
acomodação nos matéria aqui para sempre.
Buscar a felicidade sem mescla é fator importante e natural, mas sempre ter algo que nos incomoda... também!
Por mais que venhamos a ter, nada que é
transitório atenderá ao que busca o Espírito imortal, por isso, buscamos
algo e quando encontramos percebemos a falência da nova posse, e
imediatamente, traçamos novos alvos para a felicidade.
Poderíamos até entender que "A felicidade não é deste mundo", mas nós também não somos! Mas um dia nos encontraremos.
Conduzidos pela ignorância, gastamos tempo e
vitalidade, muitas vezes, buscando culpados para os nossos sofrimentos,
porém, somos todos instrumentos – uns na vida dos outros – para os
acontecimentos necessários.
Quando cremos que alguém nos faz mal, devemos
entender que se não fosse "essa pessoa" seria outra, mas a necessidade
de passar por determinada situação, está sempre naquele que a suporta.
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